jueves, 29 de marzo de 2007

1.“NÃO SEI, NÃO POSSO, NÃO TENHO TEMPO”

Vicente de Paulo –como tu ou como eu – poderia ter-se dispensado, cheio de medo detrás destes assaltantes da vida: o não sei; o não posso e o não tenho tempo ou o não me interessa. Mas não se deixou dominar deles e os venceu.
Se não sei, apreendo, estudo, formo-me e reflexiono as experiências próprias e alheias. Se não consigo, vou amar mais para conseguir ir mais além, porque o amor é inventivo até o infinito. Se não tenho tempo tira-lo-ei de abaixo das pedras. Se não me interessam os outros será porque sou um velho sem ilusões. E não vou ser assim, não quero ser assim. E a única forma de derrotar este paralítico é pondo-me ao serviço dos que mais necessitam de mim. Eles esperam-me como uma casa em chamas necessita que alguém vá a libertar aos nela encerrados, como um ferido precisa de ajuda e medicinas, como um menino necessita de amor e de escola para se desenvolver, como um oprimido necessita de libertação urgente, como um cego necessita da boa notícia da luz melhor para a sua vida. Me interessa isto, apaixona-me, e, por isso, sei, posso e encontrarei o tempo.
Kevin Carter ganhou, faz alguns anos o famoso prémio Pulitzer de fotografia. A sua máquina captou num instante, a terrível realidade do homem e a desgraça entre os pobres de Sudão da guerra civil. Na fotografia vê-se uma criança, de pele escura, ferido a gatinhar num campo sozinho a procura de qualquer alimento. Detrás da criança um abutre espera a sua morte para comer os fracos ossos da criança... Três meses depois de ter tirado esta fotografia, Kevin Carter, suicidou-se, sumido numa profunda depressão. Não o julguemos. Quem somos para o fazer?. Qualquer pode enfermar-se. Vicente de Paul em circunstâncias parecidas na França do seu tempo, não se deixou deprimir, não se suicidou, pois com morrer-se não remedia nada. Pôs-se a trabalhar para remediara a dor dos pobres e organizou a milhares de pessoas para que deram o seu amor, o seu tempo e os seus bens e a sua activa solidariedade para o bem das vitimas da guerra, da fome, da ignorância e da injustiça.

No hay comentarios: