jueves, 29 de marzo de 2007

10.2 DE COMO MARGARIDA APREENDEU A LER


Margarida, de apelido Nassau, era uns 14 anos mais nova que Viente de Paulo. Tinha nascido em Suresnes, uma aldeia vizinha de Paris, que tinha por volta vinhedos, terras de cultivo campos para o gado. A Sra. Denise, a sua mãe, morreu quando Margarida ainda era criança de poucos anos. Ela e o seu Pai, o Sr. Lefroy, tiveram que trabalhar duro para que a família adiantara. Margarida e parte das suas labores caseiras, cuidava as vacas, era a vaqueirinha de Suresnes. Não teve a oportunidade de ir à escola. Quando ainda era jovem, encontrou-se com o Sr. Vicente de Paulo e pôs-se sob a sua direcção. Por ele sabemos dela. Amo-a como um pai ama à sua filha, como se ama a água porque é pura e serviçal e reflecte o céu. Ela foi a primeira filha da caridade, “quem teve a graça de amostrar o caminho às demais”. São Vicente fala-nos de Margarida muitos anos depois de que ela fosse à missão do céu. Tinha falecido em 1633, contagiada por uma doente a quem tinha socorrido. Era a sua maneira de terminar uma vida de criatividade e de entrega, “pois ninguém tem mais amor que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos”.

Mas, quem era, como era, o que fez esta vaqueira de Suresnes? Ela é um poema do amor e da alegria de Deus. A ela que nem sabia ler, chamou-a a ensinar aos outros. Mas, como, Senhor, não tens a outros e outras capacitados para esta tarefa? Margarida não se desculpou. Não lhe disse, “não sei”, “não posso”, “não tenho tempo”. Pós-se mãos à obra. “Comprou um alfabeto e, como não podia ir à escola a apreender, foi pedir ao Sr. Padre da Paróquia que lhe disse-se quê letras eram as quatro primeiras; outra vez perguntou sobre as quatro seguintes, e assim com as demais. Logo em quanto guardava as vacas, estudava a lição. Se via alguém com aspecto de saber ler, perguntava: “Senhor, como tenho que pronunciar esta palavra?” E, assim, aos poucos, apreendeu a ler”. O Senhor Vicente dizia que “o amor é infinitamente inventivo” e sabia que quem ama, inventa e se diverte criativamente; quem não ama, fica magoado e perde tempo nas dificuldades.
Mas, Margarida não buscou estudar e aprender a fim de saber mais, de ter um melhor trabalho ou de presumir diante das outras jovens da sua aldeia. Amava aos pobres que, como ela, não tinham a oportunidade de ir a escola. Margarida estudava, para dar aos demais o que apreendia. “Quando já tinha alguns conhecimentos – conta-nos São Vicente – sentiu a devoção de o ensinar aos demais, e veio a buscar-me aonde eu estava missionando. Padre – disse-me – eu tenho apreendido a ler desta maneira, tenho muita vontade de ensinar a outras jovens do campo que não saibam. Lhe parece bem? Desde logo – disse-lhe – eu lhe aconselhei que o faça”. E primeiro em Suresnes, depois em outros povos próximos, Margarida dedicou-se a alfabetizar e a instruira jovens e crianças. E formou a outras jovens e contagiou-as do seu entusiasmo, e “uma se dirigia a uma aldeia e outra à outra”. “E começou isto sem dinheiro e sem mais provisões que a Providência”. Alguns anos depois e animada pelo que o Sr. Vicente lhe tinha contado sobre o serviço aos enfermos, foi a Paris a servi-los e cuida-los, a limpar-lhos e leva-lhes a comida as suas casas. Luísa de Marillac tomou-a sob a sua direcção para lhe ensinar “a maneira de como servir aos pobres enfermos”. E ela apreendeu rapidamente a ser una boa enfermeira e ser a criada dos pobres. São Vicente resume o perfume de esta Margarida dizendo-nos. “Todos a amavam, pois não havia nela nada que não fosse amável”.

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